Estivemos
hoje – 19.10.2013 – almoçando com o veterano da Força Expedicionária Brasileira
(FEB), José Marino, de 93 anos, na cidade de Araraquara.
José
Marino abriu as portas de sua casa para nós em 2010, mesmo ano em que fizemos
nossa primeira viagem para a região que ele percorreu durante a Segunda Guerra
Mundial.
A
primeira atividade oficial de nosso Jeep Willys MB 1942, após recebermos a
viatura em junho de 2011, foi justamente um desfile com veteranos no dia 22 de
agosto seguinte, em Araraquara. Nessa ocasião, inclusive, Marino recebeu sua
medalha “Sangue do Brasil”, conferida aos feridos em combate durante a II
Guerra. Daí, nasceu uma grande amizade.
Embora
tenhamos nos esforçado ao máximo para levar Marino de volta a Montese (ITA) em
abril de 2013, não alcançamos sucesso. Todavia, para o XXV Encontro Nacional de
Veteranos da FEB logramos nosso intento e viajaremos com ele, rumo a São
Bernardo do Campo, em 06 de novembro próximo futuro.
Coincidência
ou não, nosso Jeep Willys, produzido em setembro de 1942 no esforço de guerra aliado,
estará presente também, aproveitando o IX Encontro Nacional de Veículos
Militares Antigos no pátio da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
(Parque Ibirapuera) entre 02 e 03 de novembro.
Voltando
ao almoço de hoje. Dividimos a mesa, e uma garrafa de Nero d’Avola siciliano, e
a sobremesa se deu com as jabuticabas apanhadas diretamente do tronco, no
quintal de Marino. Durante todo o tempo, ele se mostrou interessado com o
evento e disse até mesmo que tem se exercitado com mais freqüência, enquanto se
prepara fisicamente para o Encontro. Afinal de contas, estamos falando de um
veterano que, mensalmente, participa ainda hoje, dos bailes de Terceira Idade.
Em
mesa, além de falarmos sobre nossos amigos e conhecidos comuns, escutamos
também mais uma de suas histórias. Especialmente sobre a produção de pinga no
alambique de sua família, quando ele contava ainda quinze anos de idade.
Lembrou-se de uma passagem na qual conseguiu muitos abacaxis e resolveu produzir
uma cachaça especial com “tons” da fruta e obteve sucesso, sendo que os barris
daquela série especial duraram ainda alguns anos. Lembrou que seu avô Marino e
sua avó Durante usavam muito o italiano, e que além da cachaça se produzia
muito açúcar. Esse período ainda consegue emocionar bastante o velho soldado,
evocando a relação com sua família.
Dali,
sua mente voou para o Rio de Janeiro pré-embarque para a Europa (1944) e
lembrou-se de um porre homérico que tomou com dois amigos de Franca e mais um
do Rio Grande do Sul, cujos nomes não se recorda. Chegaram a tanto durante uma
folga concedida, e Marino, completamente embriagado (na única vez em que isto
se sucedeu em sua vida), entrou no mar e não conseguia se safar, com camaradas em
completa esbórnia, rindo do que se passava. Afinal de contas, Marino foi
resgatado, ainda na beira da praia, por marinheiros. Depois disso, ainda
conseguiram ir para um outro buteco no caminho de Madureira, e ali se
enveredaram por copos de cerveja e pinga, até serem colocados literalmente para
fora.
Chegaram,
sem saber como, de volta para a Vila Militar onde se recuperaram a contento,
sem qualquer tipo de prejuízo ou punição.
A
cada nova visita, uma nova história. Sorte de quem já pode gravar, como o
documentarista Durval Junior e o historiador Campiani. Para Ana e eu, bastam
alguns minutos de companhia, exatamente como se sucedeu, há um mês, com João
Garcia Fernandes, também do 1º Escalão, e hoje morador em Batatais, com 93 anos
de idade. Precisamos voltar a falar com ele, com tantas histórias...
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