(28.2.2016)
- Escrevi o texto abaixo de ‘bate-pronto’ provocado por uma publicação em um
grupo do Facebook. Neste fim de domingo, Rui povoou minha cabeça – resolvi resgatar
o que escrevi e compartilhar. Quem conheceu o herói dos céus da Itália (e é
brasileiro!) , bem como a relação que Ana e eu tivemos com ele e Julinha, vai
entender...
A
redação inicial foi corrida, cursiva, concluída em cinco minutos, porque veio
do fundo d’alma. Aqui, dou umas pinceladinhas...
-
Saudade
sem fim, Vitor e Ana... Jamais esqueceremos do carinho naquele apartamento da
Santa Clara, nas tantas vezes em que lá estivemos...
E o
susto daquele almoço, anos atrás? Rui falou - venham para casa almoçar conosco.
Pensamos - ok, eles estão em casa, estão protegidos, estão com o enfermeiro,
etc...
Mas,
qual o quê!!
Estávamos
todos na sala, Rui e Julinha perguntam – “então meninos, estão prontos?”
Respondemos
– “sim, vamos a mesa...” (vã expectativa)
Rui
se levanta, conversa com o enfermeiro, que pergunta - "Brigadeiro, tem
certeza que não precisa de mim?"
Rui
apenas diz - "estamos em boa companhia".
Ele
nos chama. Ana e eu nos levantamos, vamos até ele e ele diz – “Peguem suas
coisas... Venha Julinha...”
Ana
e eu olhamos para o enfermeiro que diz - "o Brigadeiro me proibiu - agora
vocês cuidem muito bem de meu chefe".
P U
T Z G R I L L A ! ! ! Deu pau na casa do Kaneshira...
Julinha
pegou no meu braço, Ana se agarrou a Rui. Elevador, rua, táxi, e o taxista
reconheceu Rui!! Sim!! Herói da Segunda Guerra, no documentário, disse o
taxista...
Restaurante
do Rui, uma quadra do calçadão de Copacabana. Na porta, minha última foto com
ele, sem saber do futuro...
Sentamos,
comemos, contamos lorotas, demos risada, como quatro jovens discutindo no
'briefing'!!
Fim
de festa, sobremesa, conta, saída, rua.
"Vamos
embora, Tenente-Brigadeiro?" - fazia tempo que Ana e eu só usávamos a
patente correta - TENENTE-BRIGADEIRO (já havia reconhecimento pelo C. STF).
Antes
de chamar o táxi ele me segurou pelo braço - "Vitor, chame Ana. Vamos
andar pelo calçadão..."
É
mole? E lá vamos nós, eu com a mão de Rui em meu ombro e Ana abraçada em
Julinha.
Duas
quadras, dez minutos, conversa.
"Hei,
táxi táxi!!!" Rui autorizara, era hora de voltar para os altos de Santa
Clara.
Todo
cuidado do mundo para embarcarmos o doce casal, que já estavam unidos à época
da guerra - mais de setenta anos se passaram.
E lá
fomos nós, com os dois, de volta para o apartamento deles.
Dá
para imaginar a cara de aflição do enfermeiro? Estávamos carregando a
"memória viva" da FAB, santo Deus! "Vocês demoraram!!"
Ah
ah ah ah ah - sinal de que fizemos tudo certinho, ora ora...
E
mais uma vez, a hora de dizer adeus, e de agradecer pelo carinho.
Nós
não esquecemos. Nós jamais esqueceremos...