A
História se repete, como a vida ordena, e mais um ‘pracinha’ se
une a seus companheiros no Bivaque Eterno, coincidentemente da mesma
Votorantim, encostadinha em Sorocaba.
Com
Zito, foi fácil elaborar a homenagem, pelo histórico de contato com
a família, vivência de tempos idos e visita de 2011.
Com
Antonio Leme, é preciso imaginar, apenas e tão somente. Nascido a
21 de janeiro, como eu, mas em 1920, Leme contava já 97 anos e era
tão desconhecido para mim, como é para os que lêem esta homenagem.
Voltou da guerra em 1945 e demorou para se apresentar aos familiares,
porque parece ter sofrido com amnésia temporária no Rio de Janeiro,
sendo localizado após seis meses, reconhecendo sua mãe e voltando
para Votorantim em 1946, onde constituiu família, chamando sua filha
mais nova, curiosamente, de Toscana – deve ter se impressionado!
Partiu
em 09 de agosto de 2017.
Contatada
a unidade militar da cidade, Leme também contou com solenidade
fúnebre a altura de sua importância, no dia 10 de agosto.
Reforça-se,
por óbvio, a necessidade de resgate histórico desses nossos heróis
esquecidos, daquele contingente de 25334 brasileiros enviados ao
Norte da Itália em 1944. Como mencionado em outras ocasiões, eles
estão por aí, esparramados por este país-continente e embarcando
em velocidade exponencial para o Acampamento Final.
Para
você, Antonio Leme, que viveu, atravessou o Atlântico, lutou,
voltou e viveu ainda mais, nosso reconhecimento neste último adeus.
Fica o registro do correspondente de Guerra Rubem Braga:
“Esses
homens que estão na frente não pretendem ser bichos sobrenaturais,
nem pensam em derrotar os nazistas a grito ou a pelego.
Eles
lutam.
Não
são muitos, mas lutam e lutam honradamente, e lutam direito, dia e
noite, ao frio à chuva, uma luta penosa.
Não
precisam que ninguém aqui ou aí exagere o que fazem, em trololós
patrioteiros.
Eles
não são monstros: são lavradores, trabalhadores de vários outros
ofícios, estudantes, moços de escritórios, simples
filhos-de-família, são rapazes brasileiros que foram mandados aqui
ou vieram como voluntários.
E
eles dão conta do recado.”
Agradeço
a Milton Parri, Nilze Campos e “Junior Silveira”, pelas
informações elementares e únicas fotografias disponíveis. Quantos
outros “Antonios” não estarão perdidos por aí?
Lá
acima, cá embaixo, a Cobra Continua Fumando.
Jaboticabal,
13 de agosto de 2017. Vitor e Ana
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