Deixou-nos
hoje mais um herói da FEB, este meio escondido, como tantos outros
por aí, perdido num dos bairros da cidade de Votorantim SP.
José
Carlos de Campos, o Zito, que amparou minha mãe quando trabalharam
juntos numa das maiores escolas do Estado de São Paulo, o Daniel
Verano.
Estava
com 95 anos e a solenidade fúnebre contou com o carinho de algum
admirador, como nós, para auxiliar na organização, de acordo com o
relato sucinto de minha mãe, sorocabana da gema e presente ao
cortejo:
"filho
o
zito teve direito a uma cerimônia linda.
com
tiros de fusil.
com
toque de silêncio.
foi
carregado e guardado pelos moços fardados do destacamento de
votorantim.
caixão
coberto com a bandeira do brasil, dobrada e entregue solenemente para
a filha.
tudo
isso foi organizado pelo moço chamado MILTON PARRI.
o
hino do expedicionário foi cantado duas vezes.
o
milton parri entregou uma cópia a cada um dos presentes.
meu
amigo zito teve direito a todas as honrarias que qualquer pracinha
brasileiro merece."
Ana
e eu estamos tristes, porque além dele perdemos Hugo Correa e
Antonio da Motta há pouco tempo, e vamos nos sentindo 'órfãos'
dessas referências heróicas de um tempo distante com valores tão
diferenciados.
No
livro "Vivendo entre Soldados (...) expedicionários sorocabanos
da FEB", de Luiz Antonio Oliveira, o sobrinho de Zito, José
Carlos de Campos Sobrinho, escreveu na apresentação:
"(...)
levando em conta o aspecto de valorizar as histórias humanas e
pessoais (...) que encerro este prefácio contando uma história que
me é muito cara, pois se refere a minha própria ligação com esses
fatos da II Guerra Mundial. Naturalmente, essa ligação é com um
desses jovens heróis guerreiros da FEB, e que representa o motivo
principal, ao lado da amizade com o autor, de eu estar redigindo esta
apresentação (...)
----
Era
um domingo, início de agosto, ano de 1945...
-
Seu Josias!... Dona Maria!... Ele chegou da guerra!...
(...)
as pessoas foram abrindo alas para que passassem:
-
É a irmã do Zito com os filhos! O pequeno, de colo, que ele nem
conhece, tem o nome dele. Abre passagem para eles!
(...)
Zito
abraçou a irmã, o cunhado, fez graça para a sobrinha Lila, que era
seu xodó e em seguida, tomou nos braços o menino que trazia seu
nome e, levantando-o, chorou emocionado por estar vindo de uma guerra
em outro continente, de volta a sua casa e tendo às mãos a criança
cujo nome lhe rendia homenagem, um feliz símbolo da paz.
----
É
essa a história. E foi assim que eu conheci meu tio, sem nenhuma
noção ou memória do que conto, mas com a veracidade e a emoção
das palavras de minha mãe, que me repetiu essa história
eternamente, enquanto viveu.
Zito
era o soldado José Carlos de Campos, do 1º Batalhão do 6º RI da
Força Expedicionária Brasileira.
'Se
vis pacem, para pacem'.
Sorocaba,
verão de 2011 - José Carlos de Campo Sobrinho"
Ficam
algumas fotos, nas quais Zito aparece do jeitinho que devemos
registrar em nossas memórias, com ele e com tantos outros que foram
subindo para o Bivaque Eterno...
A
Cobra continua Fumando!
Jaboticabal,
08 de agosto de 2017. Vitor e Ana
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